domingo, 14 de maio de 2006

O Anjo e a menina.


Desceu um anjo à terra, de asas magoadas e lágrimas caindo sufocando a sua melodiosa voz!
Uma menina subia a uma árvore. Seu corpo arranhado e de sorriso estampado por tal proeza, em gritos se fazia ouvir!
O anjo, ainda de voz trémula e confuso, perguntou à menina o porquê de tanta alegria. A menina eufórica respondeu-lhe:
“ Nunca eu tinha subido esta árvore. Sinto-me aqui mais perto do céu…talvez um dia, numa árvore maior, consiga alcançar uma nuvem e nela viajar com os anjos”.
O anjo percebeu então que a menina não tinha reparado que ele próprio era o dito anjo..!
Deixando a menina na sua inocência o anjo, a custo, subiu à árvore e, ao chegar perto, vendo os seus arranhões, perguntou-lhe se tais feridas não a incomodavam.
Ao que a menina retorquiu:
“Feridas?!! Isso seria eu estar ainda no chão, a olhar para cima da árvore e vê-la como um lugar inalcançável..! Poderão doer-me hoje e amanhã mas, depois, nunca me provocará tanta dor como a que tinha antes de realizar o meu sonho: estar aqui em cima.”
O anjo ficou pensativo. Então a menina perguntou-lhe o porquê de tal atitude ao que ele lhe respondeu:
“Tenho asas que me levam aos sítios mais bonitos e inalcançáveis. As minhas asas magoadas entristeceram-me e nunca eu tinha pensado que asas são os sonhos e essas jamais se partirão na magoa de não os poder realizar. A esperança será a sua cura e continuando a voar pela terra dos sonho a realidade será o sorriso estampado no rosto de quem acredita, tal como tu o fizeste!
A menina estampou um sorriso próprio de criança, inocente e feliz. Desceu a árvore e ao voltar a olhar para cima viu o anjo, voando, voltando para o seu céu!

1 comentário:

efvilha disse...

Olá!
Magnífica postagem! Nos lembra do quando nos acovardamos, às vezes, diante de pequenas dificuldades.
Às vezes, mesmo diante de sonhos realizáveis, não nos arriscamos, medrosos dos arranhões. E a vida? O que é, senão um fluir constante de diferenças e repetições, mesmo nos sonhos que pensamos realizar, e os não fazemos acontecer.
Um virtual e cordial abraço.
http://sonetosesonatas.blogspot.com
Evaristo